Hotel Tivoli? Daqui, do aeroporto, é um tiro... Então o amigo é o camone que vem mandar nisto? A gente bem precisa. Uma cambada de gatunos, sabe? E não é só estes que caíram agora. É tudo igual, querem é tacho. Tá a ver o que é? Tacho, pilim, dólares. Ainda bem que vossemecê vem cá dizer alto e pára o baile... O nome da ponte? Vasco da Gama. A gente chega ao outro lado, vira à direita, outra ponte, e estamos no hotel. Mas, como eu tava a dizer, isto precisa é de um gajo com pulso. Já tivemos um FMI, sabe? Chamava-se Salazar. Nessa altura não era esta pouca-vergonha, todos a mamar. E havia respeito... Ouvi na rádio que amanhã o amigo já está no Ministério a bombar. Se chega cedo, arrisca-se a não encontrar ninguém. É uma corja que não quer fazer nenhum. Se fosse comigo era tudo prà rua. Gente nova é qu'a gente precisa. O meu filho, por exemplo, não é por ser meu filho, mas ele andou em Relações Internacionais e eu gostava de o encaixar. A si dava-lhe um jeitaço, ele sabe inglês e tudo, passa os dias a ver filmes. A minha mais velha também precisa de emprego, tirou Psicologia, mas vou ser sincero consigo: em Junho ela tem as férias marcadas em Punta Cana, com o namorado. Se me deixar o contacto depois ela fala consigo, ai fala, fala, que sou eu que lhe pago as prestações do carro... Bom, cá estamos. Um tirinho, como lhe disse. O quê, factura? Oh diabo, esgotaram-se-me há bocadinho.
6 comentários:
Ó Pina com fome e sem honra.
“Sem honra”
O meu gosto é discreto
Prefiro o melhor de tudo
Até mesmo neste entrudo
Tenho um desejo secreto
Empresto muitos milhões
Para a honra vos comprar
Nem precisam de me pagar
Mas ficam só com tostões
Que a dívida já era minha
Fica tudo cá do meu lado
Queriam dado e arregaçado?
Dívida, empréstimo e juros
São meu prémio monetário
E da honra fico proprietário.
Ó Pina vamos lá votar.
A boa moeda em política.
“Bigs argumentos”
Soledade mostra as tetas
Como argumento político
Em casa é que eu não fico
Vou apoiar, tu não te metas
Nas Baleares é candidata
Com dois bigs argumentos
Espalhem aos quatro ventos
É bestialmente democrata
Põe os argumentos a nu
Desde a esquerda à direita
E uma promessa foi feita
Se for Soledade a eleita
E provar que não é tabu
Também te mostrará o cu.
http://oqueeojantar.blogs.sapo.pt/280872.html#comentarios
http://www.elmundo.es/elmundo/2011/04/14/baleares/1302795444.html
Ó Pina podes dar qualquer coisinha?
“Pedinchices”
A cada um sua dificuldade
Cá nos vamos amanhando
E os que iam alambazando
Estendem a mão à caridade
Mas a Europa torce o nariz
Pr’a ajudar desgovernados
Manda cá os seus enviados
Estudar os buracos do país
Vão descobrir cada buracão
Que eu até tenho vergonha
Não tem quem meteu a mão
Desde os tempos do alcatrão
Até aos submarinos e betão
Fomos esfarrapando a nação.
Ó Pina vai um Beirão com gelo?
“Beirão”
Portugal é único no mundo
É uma pequeníssima nação
Irá manter-se em recessão
Esquece e bebe um Beirão
Ganha um Porsche amarelo
Nunca vi automóvel tão belo
Põe qualquer um no chinelo
Podes acelerar prego a fundo
Deixas a recessão a milhas
Esqueces este país sem alento
E passeias de cabelos ao vento
Vai por mim sócio que brilhas
O Porsche e o Beirão com gelo
Far-te-ão esquecer tanto camelo.
Primeiro contacto técnico do FMI
por FERREIRA FERNANDES
Hotel Tivoli? Daqui, do aeroporto, é um tiro... Então o amigo é o camone que vem mandar nisto? A gente bem precisa. Uma cambada de gatunos, sabe? E não é só estes que caíram agora. É tudo igual, querem é tacho. Tá a ver o que é? Tacho, pilim, dólares. Ainda bem que vossemecê vem cá dizer alto e pára o baile... O nome da ponte? Vasco da Gama. A gente chega ao outro lado, vira à direita, outra ponte, e estamos no hotel. Mas, como eu tava a dizer, isto precisa é de um gajo com pulso. Já tivemos um FMI, sabe? Chamava-se Salazar. Nessa altura não era esta pouca-vergonha, todos a mamar. E havia respeito... Ouvi na rádio que amanhã o amigo já está no Ministério a bombar. Se chega cedo, arrisca-se a não encontrar ninguém. É uma corja que não quer fazer nenhum. Se fosse comigo era tudo prà rua. Gente nova é qu'a gente precisa. O meu filho, por exemplo, não é por ser meu filho, mas ele andou em Relações Internacionais e eu gostava de o encaixar. A si dava-lhe um jeitaço, ele sabe inglês e tudo, passa os dias a ver filmes. A minha mais velha também precisa de emprego, tirou Psicologia, mas vou ser sincero consigo: em Junho ela tem as férias marcadas em Punta Cana, com o namorado. Se me deixar o contacto depois ela fala consigo, ai fala, fala, que sou eu que lhe pago as prestações do carro... Bom, cá estamos. Um tirinho, como lhe disse. O quê, factura? Oh diabo, esgotaram-se-me há bocadinho.
Ó Pina pagar e morrer quanto mais tarde melhor.
“Paraíso fiscal”
Tenho encontro c’a morte
E com os do fisco também
Assim não me vou dar bem
Era merecedor doutra sorte
Vou para um paraíso fiscal
Que é pr’a lá da vida eterna
Lá qualquer um se governa
Nunca ninguém se deu mal
Não digam à morte e ao fisco
Qual a minha nova morada
Assim não me cobram nada
E se um dia fôr descoberto
Com trezentos anos ou mais
Podem levar-me e aos metais.
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