A Jangada de Pedra é um romance de José Saramago. Conta a história ficcional da separação geográfica da Península Ibérica do restante continente europeu. Esta obra, traduzida em mais de vinte línguas, já foi adaptada ao cinema em 2002 por George Sluizer.
A separação geográfica é uma alusão ao que Saramago via ocorrer frente à unificação da Europa, onde os países ibéricos estavam postos de lado, navegando à deriva sem se identificarem cultural, social ou economicamente com o restante do continente.
A este acontecimento impactante, aparentemente sem explicação científica, precedem outros quatro igualmente sobrenaturais que unem as personagens com quem ocorreram os factos. Joana Carda, Joaquim Sassa, José Anaiço e Maria Guavaira, Pedro Orce e Cão, percorrem uma longa jornada em busca de algo que lhes desatormente as almas, a sentirem-se culpadas pelo ocorrido.
Nesta teia, Saramago tem fértil terreno para destilar as suas críticas a respeito da vida em sociedade e das autoridades.
10 comentários:
Ó Pina que bebas por muitos anos.
“RIP”
Eu ando cá para morrer
Só que ainda não morri
Tudo o que ainda não vivi
Não sei se me irá acontecer
Eu nunca poderei dizer
Desta água não beberei
Só que eu também não sei
Se terei tempo de a beber
Vou jogando, vou vivendo
Vou cantando, vou bebendo
Vou dormindo, vou comendo
Eu é que não sei se m’entendo
Se é que me estão percebendo
Deixo de beber em morrendo.
Ó Pina ou vai ou racha.
“Disco riscado”
Este disco está riscado
Já me atazana os ouvidos
Mas esqueço os pruridos
E abasteço-me no mercado
Uma pitada de austeridade
Dois réis de dívida soberana
Também levo à minha mana
Quando fôr lá pela cidade
Um bocadinho de pobreza
Já tenho controlo na despesa
Assim salvo o estado social
O FMI podem ter a certeza
Não vem cá fazer fineza
Virá para varrer o quintal.
Ó Pina vamos ajudar a Maria.
http://takeustobruges.blogs.sapo.pt/
“Alma de Maria”
A Maria não anda a pedir
Vende pedaços da sua alma
Por isso tenham todos calma
A melhor lição está pr’a vir
Com a sua alma esburacada
A Maria no seu mestrado
Aquele sonho concretizado
Agradece de forma inesperada
Aplicando-se até à exaustão
Lá naquela escola de eleição
O seu esforço será reconhecido
E com todos nós no coração
Obterá uma alta classificação
Nada que não tivesse merecido.
Ó Pina isto é como o mau olhado.
“Maldição”
Está tudo bem controlado
Nem duvidar disso é bom
A solução passa pelo dom
Sem milagre tudo estragado
Já invocam a Nossa Senhora
Nesta hora de grande aflição
Talvez mesmo sem aparição
Consigamos livrar a penhora
Senão invocamos os demos
E com a força que tivermos
Lançaremos uma maldição
E por certo nos livraremos
Desses espíritos pequenos
Que nos querem na perdição.
"Somos um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas somos capazes de sacudir as moscas …"
Guerra Junqueiro escrito em 1886
Ó Pina basta que haja um espelho.
“Navegar”
Já se diz o governo falhou
E não terão falhados todos ?
Pois se houve dinheiro a rodos
E este pobre país definhou
Não procurem bode expiatório
Que isso é estratagema velho
Basta olharem-se ao espelho
E não colocar filtro censório
Mas que raio de rádio novela
Que passa aqui nesta favela
Vou mas é o rádio desligar
Vou pintar uma aguarela
Com uma linda caravela
Navegará pr’a nos libertar.
Ó Pina eu tenho um baralho a mais.
“Tarot”
A bola de ouro de treinador
O rei Mourinho já arrecadou
E um bonito discurso botou
É Portugal no seu esplendor
Pena que não siga o exemplo
A classe que nos governa
Pois se até lá na taberna
O pessoal seguiu atento
Cada macaco no seu galho
E a fazer o respectivo trabalho
Temos no futebol bons de bola
Se não queremos dar um tralho
Consultemos as cartas do baralho
Escolhamos arcanos bons da tola.
Ó Pina o chico é bom da tola.
“Chico”
Sócrates está muito satisfeito
Isso é mesmo motivo suficiente
Para também satisfazer a gente
Pois não o queremos contrafeito
Foi visto a festejar com Platão
E consta que o Baco alinhou
Da boa pinga é que se provou
Aristóteles deu um trambolhão
Da economia Ateniense falaram
A dívida que Cretenses falharam
Do recurso ao leilão e mecenas
Das amadas que se perfumaram
Teceram quando eles embarcaram
Sim daquelas mulheres de Atenas.
The Agitator: Geat Ready
http://www.youtube.com/watch?v=KF2bQuIeuaQ
Ó Pina ri até partir.
“Rir”
A economia vai contrair
Mas não precisas sorrir
Apenas deves assumir
Que te irás descontrair
Com a tua descontracção
Vais gastar um dinheirão
A economia com emoção
Terá uma grande expansão
São os ciclos económicos
Geram fluxos astronómicos
Se resolves rir à gargalhada
Será enorme a descontracção
Economia terá uma explosão
Iremos vê-la estilhaçada.
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