Mais de 400 investigadores e estudantes de todo o mundo vão estar em Setúbal para conhecer o "estado da arte" de mamíferos marinhos como as baleias e os golfinhos, uma iniciativa que quer também sensibilizar o público para a importância de proteger estes animais.
Cada conferência anual da Sociedade Europeia dos Cetáceos realiza-se num país e, este ano, entre Portugal e Itália, Setúbal foi a cidade escolhida para receber, de 08 a 10 de Abril, um encontro que vai apostar numa abordagem interdisciplinar destas espécies, abrangendo a bioacústica, o comportamento e a genética.
Cristina Brito, biológa da Escola de Mar, uma das organizadoras da 27.ª conferência da Sociedade Europeia dos Cetáceos, disse hoje à agência Lusa que o objectivo é "dar a conhecer o estado da arte" destas espécies e "reunir investigadores europeus e de todo o mundo.
Os trabalhos dos cientistas e a sensibilização de todos parece estar a dar bons resultados em Portugal e, pelo menos, em Setúbal, os golfinhos do Sado "têm revelado alguma recuperação".
"Têm nascido mais crias, a população tem aumentado ligeiramente e os sinais são de melhoria, pelo menos a médio prazo", salientou a bióloga.
Este ano, a iniciativa "dedica-se aos estudos interdisciplinares sobre mamíferos marinhos, como baleias, golfinhos ou focas e pretendemos juntar pessoas que trabalhem a biologia e ecologia destes animais, mas que também outras áreas como história ou economia", explicou.
Assim, será tentada "uma abordagem interdisciplinar que vise, a longo termo, a conservação dos cetáceos" e espera-se a apresentação de trabalhos em várias áreas da bioacústica, ao comportamento, passando pela genética.
Os investigadores pretendem também passar os resultados dos seus estudos ao público em geral, uma forma de dar a conhecer as espécies e sensibilizar para a necessidade de proteger estes animais e os seus ecossistemas. Por isso, dia 08 de Abril, às 21:00, vai haver uma sessão aberta a todos, no Forum Luísa Todi, em Setúbal.
Portugal tem situações diferentes relativas às populações de cetáceos, consoante se trata da costa continental ou dos arquipélagos, onde existem mais espécies, decorrem estudos há mais anos e, portanto, existe mais informação.
Na costa continental, "os estudos de uma forma continuada para as populações costeiras são mais recentes e há espécies mais comuns do que outras, como o golfinho comum ou o golfinho roaz", explicou Cristina Brito.
O trabalho desenvolvido pela Escola de Mar leva a apontar para a existência de uma população de cerca de 100 golfinhos roazes, entre o Cabo Espichel e Tróia.
"Pelo menos passam naquela zona, mas não sabemos dizer se têm carácter de residência, se estão na zona costeira da Serra da Arrábida com alguma frequência", disse a especialista.
Quanto aos problemas de conservação destas espécies - salientou -, "têm muito a ver com as interacções humanas".
As ameaças à sua sobrevivência estão relacionadas com a actividade de observação de cetáceos, que acontecem um pouco por todo o mundo e "podem causar impactos nas populações", acrescentou.
As interacções com as artes pesqueiras, a poluição do ecossistema ou a diminuição de presas são outras dificuldades que os cetáceos têm de enfrentar.
Lusa/ SOL
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