segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Muro caíu. E outros precisam caír !?




No Outono de 1989 os acontecimentos no território da antiga República Democrática Alemã sucediam-se a uma velocidade estonteante. Os duros do regime tinham sido afastados do poder e substituídos por elementos mais disponíveis para dialogar com os movimentos da oposição.
Günter Schabowski, porta-voz do Politübro, dava diariamente a cara pelo governo e anunciava a novas medidas em conferências de imprensa que eram transmitidas em directo.
Naquela tarde fria de 9 de Outubro, Schabowski, hoje com 80 anos, entrou na sala para ler o comunicado dando conta da resolução do governo que autorizava os alemães orientais a viajar para o ocidente sem quaisquer restrições burocráticas.
Schabowski acabara de receber a nota e mal a lera. No final da conferência, um jornalista da NBC perguntou-lhe quando é que as novas regulações entrariam em vigor. Ele passou os olhos pelo papel e respondeu: "Sofort, unverzüglich [Já, imediatamente]" .
Nesse mesmo instante, a agência Reuters noticiou que os alemães orientais podiam, desde logo, atravessar a fronteira inter-alemã em qualquer ponto. Ao mesmo tempo, as notícias transmitidas pela televisão da Alemanha ocidental (nessa altura uma das principais fontes de informação independente para a população da Alemanha de Leste) anunciavam que o muro de Berlim estava a ser aberto.
Poucos minutos depois, dezenas de milhares de alemães orientais começaram a confluir para o muro que dividia a capital do país dividido. Sem ordens dos seus superiores e sem saber o que fazer, os guardas fronteiriços simplesmente abriram a fronteira para deixar passar as multidões, através deste marco da cortina de ferro que separou a Alemanha e o mundo em campos antagónicos.



        in: Visão online

1 comentário:

PM disse...

“Muros ou paz”

Santa ingenuidade esta de comemorar e meter comemoração pelos olhos dentro de todos nós a propósito da queda de um muro, o muro de Berlim, quando em todo o mundo existente mais de uma dezena de muros, recentemente construídos uns e outros ainda em construção, será que nos querem vender o ideal de democracia sanitária, enquanto nos tentam esconder a porcaria que por aí vai.

Só para citar a título de mero exemplo, alguns dos muros em construção, na Índia está a ser erigido um, com mais de 3 000 quilómetros, para separar este país do Bangladesh, alegadamente, para impedir a imigração ilegal proveniente do país vizinho. Pelos vistos as razões também passam por questões religiosas e pelo terrorismo islâmico.

Um outro está a ser erigido, nos EUA, na fronteira com o México com o pretexto de impedir a entrada de imigrantes ilegais, sobretudo mexicanos e centro-americanos e que se tornou já numa fonte de horrores, de sofrimento e de morte para as populações pobres do sul, onde 3 000 cruzes junto ao muro recordam os imigrantes falecidos.

Está também em fase avançada de construção, o muro entre Israel e a Palestina, três vezes maior que o de Berlim e duas vezes mais alto, que confiscará parte das terras da Cisjordânia e deixará os palestinos fechados e fragmentados em três cantões principais subdivididos em diferentes regiões incomunicáveis.

Existe ainda uma nova modalidade, agora nas cidades da América do Sul, do qual o muro do Rio de Janeiro é o exemplo mais recente, aqui com o pretexto de conter a expansão das comunidades e proteger a floresta nativa restante, quando toda a gente sabe a destruição que está em curso nessa mesma floresta.

Estes são só um punhado de exemplos das dezenas possíveis que folheando as páginas virtuais da net se podem encontrar e que nos devem fazer meditar, independentemente das boas razões que assistem a todos os mandantes destas obras, que esquartejam territórios e semeiam sizões entre povos e populações, se será esta política de construção de muros que agudiza tensões e ódios que se deve fomentar ou se pelo contrário será preferível investir esforços numa outra via de diálogo e conciliação, com vista à obtenção da paz.