terça-feira, 30 de março de 2010
Eu sou daquele e deste tempo!
Eu sou do tempo em que não olhavam para mim, como se fosse uma espécie rara!
Naquela Comporta onde corria pelos pinhais à procura de ninhos...
Onde se podia nadar no rio junto aos caís!
Onde o povo ocupava o seu lugar com respeito!
Onde brincava no jardim do Prédio sem que houve-se vedações e barreiras!
Do tempo onde se conhecia os turistas pelos nomes!
Sou também do tempo onde não me sentia explorado pelo capitalismo sufocante e salazarento!
Do tempo do cinema, do futebol federado, do teatro, da juventude irreverente e interventiva…
Onde não existia a pasmaceira!
Onde não imperava o estilo “Velhos-do-Restelo”…
Sou de outro saudoso e belo tempo!
Do tempo em que esta foto também Opina…
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3 comentários:
Ó Pina o melhor é comprar perfume.
“No princípio era o estrume”
No princípio era o estrume, cada família tinha os seus animais e o seu hortejo, os dejectos dos ditos eram usados na fertilização, plantavam batatas, favas, alfaces e outros legumes que usavam na alimentação, a bem dizer quase todas as famílias eram numerosas, embora o conceito não tivesse sido ainda descoberto, cresciam e reproduziam-se e por estranho que possa parecer foram nossos bisavós e avós.
Viviam o seu dia-a-dia, as conversas eram mundanas, tinham parcos rendimentos quantas vezes abaixo do mínimo, embora nessa altura ainda nem sequer fosse garantido, aliás nada era garantido, apenas a labuta para conseguir o sustento muitas vezes em terras de Vera Cruz, donde em tempos viera o ouro para sustento do reino e cujo rendimento garantia ainda a prosperidade dos monarcas reinantes.
Tempos adiante a evolução não se fez esperar e os alimentos passaram a ser comprados em pequenos comércios nos vilarejos, o grão e feijão a granel, a flanela e chita a metro, que bonitas camisas faziam, as famílias já não tinham tantos membros e os progenitores já se começavam a dedicar ao comércio e a labutar em pequenas indústrias ou pequenas explorações agrícolas melhorando dessa forma o rendimento disponível, foram talvez nossos avós e pais.
Viviam-se tempos não muito fáceis, onde se podia falar apenas de alguns assuntos, fado, futebol e Fátima, do resto pouco ou nada era aconselhado pois as paredes tinham ouvidos, era o tempo de partir com a “valise” de cartão para terras da Gália, uma pequena viagem, ou umas férias no Algarve eram já um luxo ao alcance de alguns e o sistema vigente conseguia ainda prosperar à sombra dos juros permitidos pelo ouro que ainda ia restando.
Mas agora é que a porca torce o rabo, os alimentos e os demais bens florescem por tudo quanto é canto, duzentos centros comerciais já são poucos, em breve serão dois mil, as famílias com irmãos dos filhos já começam a ser uma coisa rara, o pessoal aufere rendimentos razoáveis ou bons, os que têm trabalho, os outros auferem o que o estado social vai ainda conseguindo disponibilizar, são talvez os nossos pais e somos nós.
Falar é coisa que agora não possui limites, pode-se falar de tudo, mesmo tudo, já se parte em busca de um amanhã melhor para todo o lado, é a globalização e já vamos tendo férias e momentos de lazer cada vez em paragens mais distantes, mas o regime estourou com o ouro todo, o buraco é de tal ordem que este ano vamos necessitar de qualquer coisa como 24 mil milhões de euros para o conseguir manter a funcionar, dava para comprar Marrocos ao Rei e íamos todos para lá, mas não sendo assim quem pagará a factura vão ser os nossos filhos e netos e se no princípio era o estrume agora ficou só o mau cheiro, mas o problema é que não se sabe bem de onde vem.
EDITORIAL
CANDIDATURA DA JUSTIÇA SOCIAL
A Pobreza e a Exclusão (irmãs siamesas que derivam quase exclusivamente do desemprego, do trabalho precário, dos baixos salários e de uma governação política e económica muitas vezes insensível e indiferente) são os principais obstáculos da existência de Paz social em Portugal e no Mundo. Incongruências dos tempos modernos, essas graves violações dos Direitos Humanos impedem que se perspective um futuro harmonioso para todos nós. As causas de tamanho paradoxo, num Mundo que nunca produziu e acumulou tanta riqueza, são a indiferença, a intolerância, a ganância e a falta de Amor geradores de guerras, desgovernação e desemprego.
Como problema grave que é, o binómio pobreza-exclusão, ao envergonhar, humilhar e marginalizar uma parte significativa da nossa população, retirando-lhe qualquer esperança, está no cerne de desafios-ameaças tais como: a fome, a imigração, os sem-abrigo, os mercados do trabalho precário e da prostituição, a exploração infantil, a exploração laboral (real motivação de tantas deslocalizações de empresas gananciosas e sem ética social) e... a terrível insegurança. Não tenhamos dúvidas: é no pântano da miséria, da exclusão e da humilhação (origem de revolta e ódio) que cresce a insegurança e o medo.
Eis o panorama inquietante que pode matar, mais depressa do que pensamos, as nossas Democracias, Liberdades, Garantias e efémeras certezas! É a temível “Bomba Social”: tão falada mas tão menosprezada. Com o rastilho já aceso ela já está visível.
Portugal não está imune a essa tragédia anunciada. Não nos iludamos: o problema é grave. Pelo menos vinte por cento da nossa população vive na pobreza e os guetos de exclusão social existem! Ainda podem aumentar...São factos indesmentíveis. Só quem não está atento ao país real é que se deixa ludibriar. A pobreza e a exclusão são a nossa vergonha. Só nos resta combatê-la. Com determinação, sem tibieza, com humanismo e compaixão para com o nosso povo onde se incluem, evidentemente, todas as minorias étnicas e comunidades imigrantes, legais e ilegais, que partilham, no seu dia-a-dia, os nossos problemas, anseios e alegrias. Como país de emigrantes que fomos (e continuamos a ser) é uma questão de dignidade nacional.
Em Portugal é possível reduzir drasticamente a pobreza e a exclusão social. Esse objectivo será conseguido se fizermos do imperativo de acabarmos com esta nossa vergonha uma Causa Nacional. Tal exige vontade, meios, empenho e a união de todos: partidos políticos responsáveis, forças económicas cidadãs, sociedade civil esclarecida e organizada e cidadãos voluntários, activos e solidários. Só mobilizados e motivados, em nome de Portugal, criando mais riqueza nacional e não aceitando olhar para essa vergonha como uma fatalidade, ou qualquer atavismo lusitano, é que venceremos. Se não o fizermos, e já, poderá estar em causa a nossa Democracia e o nosso futuro colectivo enquanto Nação.
Como futuro Presidente da República, primeiro representante da Nação e do Estado, tudo farei para contribuir decisivamente para o combate à pobreza, a nossa prioridade absoluta a par com a credibilização da nossa justiça e da política nacional.
Fernando Nobre
www.fernandonobre.org
De José a 1 de Abril de 2010 às 03:46
Caro Doutor Fernando Nobre,
Com reconhecido atraso, estou a ler o seu livro "Gritos contra a Indiferença". Revejo-me em cada linha do seu discurso (revejo-me em teoria, porque na prática, infelizmente, estou a anos-luz da sua obra). Mesmo aquilo que outros criticam (os seus apoios passados a candidatos de todos os quadrantes políticos), eu vejo como uma demonstração de que, para si -- e nos tempos que correm -- a integridade moral e credibilidade das pessoas é mais importante e preciosa do que as ideologias políticas.
Acredito em si. Quero acreditar. Preciso de acreditar que finalmente surge alguém que conjuga em si todas as qualidades desejáveis num bom político: 1) sólidas convicções sobre o caminho a trilhar no nosso mundo, 2) capacidade de trabalho, com provas dadas, 3) habilidade diplomática e capacidade para recolher apoios e congregar vontades no momento de passar à acção, e 4) o poder de oratória necessário para acordar as pessoas e fazê-las pensar naquilo que carece ser pensado. Num país completamente à deriva (do qual eu já teria emigrado se tivesse meios para isso, e se me considerasse, eu próprio, digno de uma Suécia ou de outro país que me acolhesse), o Doutor Fernando Nobre surge como uma última esperança de moralização, credibilização e dignificação da Política.
Pode ter a certeza de uma coisa: os votos em si serão votos reflectidos, sentidos, fervorosos. Como eu, e como aquele outro comentador cansado de votar em branco (como eu!), muitas pessoas colocarão em si elevadas expectativas. Não lhe pedimos o impossível, mas apenas isto: continue fiel a si próprio, digno da confiança que queremos depositar em si.
Com votos de êxito e os mais sinceros cumprimentos,
José (Coimbra)
http://fernandonobre.blogs.sapo.pt/20051.html#comentarios
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